Toda mudança, de vida, de identidade, de carreira, de meio, qualquer modo de ser, estar e criar no mundo são transpostos para o material expressivo. E é assim que a metamorfose fulgurante que liga Amanda Chang a Chang Rodrigues se faz presente entre ambas, ligando-as e distinguindo-as entre si.
Mas são justamente as constâncias, os fios condutores que transmitem a força com a qual ambas energizam pistas absolutamente diversas, desde eventos de dimensões imensas como as edições carioca e lisboeta do Rock In Rio, até aqueles cheios do calor que só o aconchego de um club como os que abrigam sua residência paulista e fluminense, o lendário D-Edge e a suntuosa Privilége, ou pelos tantos outros pelos quais se aventurou pelo Brasil e pelo mundo, como a deliciosa BeeHive, o paradisíaco Warung ou o intenso Egg conseguem manter.
Mas sua força expressiva toma ainda muitas outras formas que vão além dessa interação mais imediata entre som e audiência. Uma delas é por meio dos instrumentos de síntese sonora nos quais atualmente deposita toda sua atenção e devoção a fim de gerar estímulos com finalidades parecidas, mas com processos muito singulares e em locais bastante excêntricos. Neste âmbito ela explora as possibilidades do som e de sua interação com diversos fatores internos e externos, do corpo e do mundo, ela nos convida a descobrir novos modos de nos descobrirmos e a tudo que nos rodeia.
Assim, vemos que sua energia toma diversas formas, seja como produtora, seletora, provocadora, performadora ou o que mais sustente a sagrada relação do público com a música, ela opera frequências que acolhem e eletrizam, nos liberando e envolvendo em toda minúcia de cada virada, moldando emoções através dos mais diversos elementos rítmicos e melódicos.